terça-feira, 31 de julho de 2007

TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO: LIMITES E POSSIBILIDADES NA GESTÃO ESCOLAR

RESUMO:

Este artigo exprime uma série de reflexões sobre a Gestão Escolar mediada pelas novas Tecnologias de Informação e de Comunicação (TIC’s). Tendo como objetivo principal apresentar alguns elementos básicos para a implementação dessas tecnologias na escola, considerando que o estabelecimento de prioridades, para a implantação do uso das novas tecnologias na prática pedagógica e administrativa de uma escola, pode torná-la mais próxima do alcance de seus objetivos. O aspecto de qualidade proposto para a gestão dessas tecnologias é o da qualidade negociada, entendida como um processo coletivo de construção, face às dificuldades enfrentadas pelos educadores, e, principalmente os gestores, no tocante ao uso dessas novas tecnologias, na prática administrativa e pedagógica, de uma forma coletiva, por todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem.


Palavras-chave: TIC’s. Educação. Gestão Escolar.

1 Introdução

O homem sempre teve suas relações com o meio mediado pelas tecnologias. O envolvimento da humanidade com a tecnologia da informação é um fato. Os avanços incessantes dessas tecnologias têm, de forma geral, alterado o comportamento da sociedade. Vive-se hoje uma nova fase cultural, onde a informática ocupa lugar de destaque, influenciando na nova forma de vida, tornando-se indispensável para a convivência humana.
A sociedade contemporânea altera o padrão de vida das pessoas, exigindo um perfil individual que inclui habilidades e competências que qualifiquem o indivíduo para tornar-se cada vez mais informado e autônomo. Neste terceiro milênio, a presença das novas TIC’s é acentuada, possibilitando a inovação, a troca, a interação e a pesquisa em vários segmentos sociais.
Na educação, as novas tecnologias da informação e comunicação aparecem com grande força, impondo rápidas, intensas e significativas mudanças científicas e pedagógicas e exigindo um novo modelo de relações humanas, educativas e profissionais. O paradigma educacional emergente dessas novas tecnologias requer novas práticas curriculares, metodológicas e administrativas, capazes de atender à necessidade de uma sociedade globalizada.
É na escola ou por meio dela que o indivíduo se forma e se especializa nas mais variadas áreas do conhecimento. E, em função das exigências da vida moderna, o processo de ensino e aprendizagem não termina, assumindo uma característica de contínuo e permanente. Nesse contexto, o conceito de Gestão Escolar torna-se extremamente importante para que a escola atenda às exigências da vida social formando esse cidadão, independente do setor que a mesma atua na sociedade.
O presente texto tem como objetivo uma reflexão sobre a importância do envolvimento das novas TIC’s com a prática pedagógica e a incorporação dos gestores nessas atividades, fazendo com que a utilização dessas novas tecnologias não se limitem apenas à formação de professores, como também à preparação e capacitação de gestores escolar e seus colaboradores. E, para tal o mesmo estrutura-se da seguinte forma: inicialmente, apresentar-se-á um rápido histórico da inserção das TIC’s na educação no Brasil, em seguida aborda-se-á a importância dessas tecnologias no espaço escolar, como apoio ao processo de ensino e aprendizagem; finalizando apresentar-se-á algumas diretrizes de ação para uma gestão escolar subsidiada pelas TIC’s.

2 Desenvolvimento

2.1 TIC’s na Educação no Brasil: Um Pouco da História

Segundo Oliveira (2001, p. 21-22), a chegada dos computadores na educação não pode ser discutida de forma isolada das mudanças tecnológicas ocorridas no mundo nos últimos 30 anos, principalmente nos setores produtivo e financeiro, considerando que essas mudanças repercutiram rapidamente dentro da escola, já que esta passaria a formar os novos profissionais que atenderiam as exigências do novo mercado de trabalho, acreditando que as discussões que ocorreram no início da década de 1980 sobre a política de informática desenvolvida na década de 1970 contribuíram para a Política de Informática Educativa brasileira.
Sendo assim, torna-se importante uma contextualização da realidade brasileira no momento em que teve início a articulação desta política.
Conforme Tigre (1982, p.5), o início dos paises do Terceiro Mundo na área de informática, representava uma alteração na divisão internacional do trabalho, uma vez que estes países, entre eles o Brasil, deixaram de ter responsabilidade exclusiva pela produção e exportação de manufaturados e passaram a produzir uma grande quantidade de serviços de informações essenciais para a gestão de suas economias.
Neste contexto, para Oliveira (2001, p. 22), no mercado da informática, bastante concorrido, o fato do Brasil, país de Terceiro Mundo, desenvolver uma política de informática independente, trouxe obstáculos externos como a pressão política e econômica das nações de Primeiro Mundo, como também obstáculos internos, decorrentes da insuficiência de pessoas capacitadas para desenvolvimento de pesquisa na área.
A história da política de informática no Brasil, afirma Oliveira (2001, p. 23), marcou-se pelo confronto entre vários setores da sociedade, caracterizando-se pelas posições contrárias e favoráveis à determinação do governo brasileiro de criar uma reserva de mercado para as indústrias nacionais do ramo da informática. Ficando a forma como este governo interferiria neste setor somente definido em 1984, com a Lei nº 7.232, aprovada pelo Congresso Nacional, depois de muitos debates, embora que, a reserva de fundos para este setor teve início bem antes, em 1965, na Marinha, quando se enxergava a possibilidade da construção de um computador nacional que seria usado na própria Marinha. No entanto, somente em 1971, decidiu-se construir um computador para ser usado em operações navais no Brasil, através da criação do Grupo de Trabalho Especial, ligado ao Ministério da Marinha. A responsabilidade das questões da informática ficou com a Marinha até 1972, quando então esta responsabilidade foi passada a Coordenação de Atividades de Processamento Eletrônico (Capre), ligada ao Ministério do Planejamento por esse setor até 1979. Ainda segundo Oliveira (2001, p. 26), o modelo brasileiro de sua industria de informática só foi melhor definido com a aprovação da Lei de Informática que atribuía restrições ao capital estrangeiro e determinava a reserva de mercado para as indústrias nacionais no período de oito anos, até que as mesmas pudessem competir com a produção estrangeira. Em 1987, o Brasil era classificado como o sexto maior mercado de microcomputadores, ultrapassando a Itália e a Suécia.
Diante desse crescimento, Oliveira (2001, p. 27) aponta um sério problema na implementação da política brasileira de informática, relacionado à formação de recursos humanos para essa industria em crescimento, embora que as universidades apresentavam-se naquele momento como as principais formadoras de recursos humanos. Neste contexto, tal incumbência não caberia apenas ao ensino superior, mas, também ao ensino fundamental e médio, para que assim, o Brasil garantisse o seu lugar, como um país capaz de desenvolver e usar a principal tecnologia do século XX.
Assim sendo, a educação foi então escolhida para contribuir na garantia da Política Nacional de informática, surgindo então um novo capítulo na história da educação brasileira, através das ações do governo federal, levando computadores às escolas públicas de educação básica, estabelecendo então, a política brasileira de Informática Educativa. Como ponto de partida, a Secretaria Especial de Informática criou em 1980 a Comissão Especial de Educação, que teve como responsabilidade a colheita de subsídios para geração de normas e diretrizes para a informática na educação. (Funtevê 1985a).
Segundo Valente[1], nos anos 80, as TIC’s na educação se estabeleceram no país com a realização dos I e II Seminários Nacionais de Informática na Educação[2] (ocorridos respectivamente no Distrito Federal e Estado da Bahia), bem como através de diversas atividades na área tecnológica, como, por exemplo, o PROJETO EDUCOM[3] realizado em 05 (cinco) Universidades brasileiras, sendo elas: UFPE, UFMG, UFRJ, UFRS e UNICAMP, que contemplava diversas abordagens pedagógicas, como desenvolvimento de software educativo e uso do computados para resolução de problemas.
Ao contrário dos outros países, afirma Valente, no programa brasileiro de informática “o papel do computador era de provocar mudanças pedagógicas profundas ao invés de preparar o aluno para ser capaz de trabalhar com o computador”. Sendo assim, o grande desafio, portanto, seria a alteração da abordagem educacional de uma educação centrada no ensino e transmissão de conteúdo para uma educação em que o aluno aprendesse através da realização de atividades no computador.
Percebe-se que a informática na educação no Brasil apareceu com grande força, impondo rápidas, intensas e significativas mudanças científicas e pedagógicas, exigindo um novo modelo educacional e conseqüentemente profissional. No entanto, a união do ensino – aprendizagem e tecnologia ainda é o grande desafio pedagógico. Como diz Alves e Nova (2003, p. 27):

Hoje, no momento em que o problema deixa de ser a escassez e torna-se o excesso de possibilidades de aceder às informações e que, o que é ainda mais relevante, se transforma em uma velocidade jamais imaginada anteriormente, ficou mais evidente o descompasso da antiga concepção de educação.

2.2 As TIC’s e Suas Importâncias no Processo de Ensino e Aprendizagem

Vive-se hoje, numa sociedade pós-industrial, cuja característica principal é a globalização da economia, das comunicações, da educação e da cultura. As TIC’s vieram para ficar e alteram o comportamento da sociedade. Nessa sociedade, quem não se envolver com essas tecnologias, que trazem soluções digitais cada vez mais surpreendentes e facilitam a execução das tarefas, dando velocidade a comunicação, será considerado um excluído digital[4]
A escola, por sua vez, passa pela crise da transformação. As TIC’s estão presentes em todo espaço e, gradativamente estão sendo inseridas nas atividades escolares. Portanto, a escola assume a qualidade de uma instituição imprescindível para capacitação permanente dos profissionais de educação, que além de educadores e técnicos, deverão estar comprometidos com a educação de indivíduos excluídos socialmente e digitalmente. Neste contexto, tais tecnologias surgem como um meio alternativo e auxiliar para o processo de ensino e aprendizagem, podendo ser usadas como um recurso a mais para a diminuição das carências desse processo, mostrando-se excelentes ferramentas no auxílio do processo de ensino e aprendizagem. Elas podem apresentar diversas formas de tratarmos o conhecimento, tornando esse processo mais dinâmico, levando o professor e o aluno a novas experiências e novas formas de relação com o outro.
Porém, atualmente os ambientes virtuais promovem fortes mudanças nas escolas. Mas, parece que essas mudanças estão apenas começando, considerando que, para muitos educadores, as TIC’s ainda são desconhecidas ou pouco exploradas. Além disso, percebe-se que o uso dessas tecnologias requer adaptações operacionais que dificultam o uso dos instrumentos exigidos pelas mesmas. As aulas mediadas pelas TIC’s acontecem num outro espaço e num outro tempo, diferentes do espaço e do tempo vivido nas aulas tradicionais, ainda tão enraizadas no atual modelo educacional. No entanto, não dá para fugir da verdade de que muitos educadores precisam de uma espécie de pré-escola virtual, para aprender a se posicionar, se comportar, agir e reagir diante dessas novas tecnologias de ensino e aprendizagem. São muitos os professores que têm medo, resistência, ou dificuldades em usar os meios tecnológicos disponíveis. É preciso que os professores se sintam motivados a utilizar esses ambientes.
Com as mudanças ocorridas, nos últimos anos, no sistema educacional, percebe-se que qualquer escola, mesmo as que estão localizadas nos ambientes mais pobres e difíceis pode torna-se uma boa escola, bastando para tanto ter clareza sobre o que é e para que serve a escola e reconhecer a responsabilidade da escola pela aprendizagem e inclusão social, profissional e digital dos alunos. Assim, a qualidade da escola depende do que acontece dentro dela. O problema e a solução para uma boa escola estão na própria escola.
Segundo Almeida[5], as TIC’s foram implantadas na educação para informatizar as atividades administrativas, visando agilizar o controle da gestão técnica, principalmente no que se referia a oferta e a demanda de vagas bem como a vida escolar do aluno. Depois essas tecnologias passaram a complementar na aprendizagem dos alunos em sala de aula, através de aulas de informática e atividades extraclasse, orientadas por professores e coordenadores. Para a autora, o uso das TIC’s na escola, principalmente a Internet, contribui para expandir o acesso a informação atualizada, criando possibilidades de redimensionar o espaço escolar, tornando-o aberto e flexível, propiciando a gestão participativa, o ensino e aprendizagem em um processo colaborativo, no qual professores e alunos trocam informações e experiências entre eles e com as outras pessoas que atuam no interior da escola, bem como outros agentes externos, criando-se comunidades colaborativas que propiciem a criação de suas próprias redes de conhecimentos.
No entanto, para a criação de comunidades e culturas colaborativas de aprendizagem, o fator primordial é a qualidade da interação, presencial ou a distância, onde a criação poderá ser viabilizada a partir da formação continuada. Nessa formação continuada, cuja base articula a realidade da escola com o domínio dos recursos tecnológicos e a prática pedagógica com as TIC’s, o educador perceberá e analisará as problemáticas envolvidas em sua atuação, na escola, no sistema educacional e na sociedade, assim como buscar junto as comunidades, alternativas para superar tais problemáticas com bases em metodologias que lhe permitam identificar contribuições das TIC’s para transformação da sua profissão. Neste contexto Almeida sugere a incorporação das TIC’s como suporte para comunicação entre educadores, pais, especialistas, membros da comunidade, bem como a criação de fluxo de informações que subsidie a tomada de decisões e ainda realização de atividades, onde as produções se destinem a enfrentar os problemas da realidade, além de desenvolvimento de projetos inovadores relacionados com a gestão administrativa e pedagógica.

2.3 Gestão Escolar Subsidiada Pelas TIC’s: Limites e Possibilidades no Ambiente Escolar.

Segundo Coburn (1988, p. 180), a introdução das TIC’s na escola envolve inúmeras questões políticas, como: aquisição de recursos financeiros para compra de equipamentos e software, treinamento de professores e demais pessoas envolvidas no processo de ensino e aprendizagem, por quem serão usados os equipamentos, etc. Tudo isso torna essa tarefa muito mais difícil, considerando o momento de contenção financeira em que se vive hoje. Embora algumas políticas públicas envolvam a disponibilização de verbas para implantação dessas tecnologias na escola, corre-se o risco de não se ter dinheiro suficiente para o que se deseja. Sendo assim, o lugar para começar a procurar fundos é o local de trabalho, na previsão orçamentária da própria escola, então só depois, deve-se procurar recursos fora do sistema escolar.
De acordo com Coburn (1988, p. 180), se a escola não conseguir internamente (no próprio seio escolar) recursos suficientes para aquisição dos equipamentos e materiais necessários à implantação ou implementação das TIC’s, buscar fontes de financiamento externo seria a etapa lógica a ser seguida. Segundo o autor tornou-se cada vez mais difícil para os pequenos projetos encontrar apoios financeiros, especialmente se eles não tentaram os recursos de seus próprios sistemas. As chances de receber financiamentos do governo, por exemplo, aumenta, se for demonstrado que o sistema local já destinou recursos para o alcance do objetivo desejado. As possibilidades de se conseguir recursos locais para equipamentos das TIC’s são muitas, considerando que de uma forma muito veloz a sociedade tem se informatizado cada vez mais. As fábricas, por exemplo, são alvos apropriados para o pedido de ajuda neste sentido, pois as mesmas geralmente empregam os pais dos alunos, tendo normalmente, participação no bem-estar e na estabilidade econômica da comunidade em que as mesmas estão inseridas. Outra fonte de ajuda são as instituições de ensino superior. Geralmente os alunos de faculdade que têm interesse por informática podem ser facilmente atraídos para ajudar professores e alunos das escolas de ensino fundamental e médio na aprendizagem do uso das TIC’s.
Como já relatado acima, as questões financeiras não representam os únicos desafios para a utilização das TIC’s nas escolas; os recursos humanos, sem dúvida, são um fator que exige importante reflexão. De acordo com Coburn (1988, p. 186), mesmo com a propagação e o uso das TIC’s na sociedade, bem como o crescente número de computadores domésticos, muitas pessoas, entre elas vários professores, vêem as tecnologias da informação e comunicação com receio. Nos professores, esse receio amplia-se pelo conflito entre a cultura das TIC’s e a cultura da sala de aula[6].
Diante deste contexto, pode-se perceber que a gestão escolar assume um papel importante. O diretor passa a ser visto como a peça chave no sucesso da escola no uso das TIC’s, uma vez que a influência do diretor torna-se decisiva neste aspecto. É ele quem determina e traça o rumo da escola, buscando o apoio e a participação dos demais envolvidos no ambiente escolar. Ele exerce papel central na liderança da escola, influenciando no sucesso da política de gestão educacional. Sendo assim, a gestão é um elemento importante no uso dessas tecnologias na escola, tornando-as significativas e, acima de tudo, interessantes.
Como agente de transformação, depois da conquista de materiais e equipamentos das TIC’s, uma das primeiras tarefas do gestor para a implementação das novas tecnologias na escola deve ser a de despertar o interesse para o uso dessas tecnologias de todos os que estão envolvidos com o processo de ensino e aprendizagem na escola, principalmente dos docentes. É claro que não se trata de uma tarefa fácil, mas pode-se começar mostrando as possíveis aplicações de uso das novas tecnologias na prática pedagógica, identificando as necessidades em que a aplicação das mesmas será satisfatória. Em seguida, pode-se fazer demonstrações de uma variedade de softwares que possam atrair a atenção dos docentes para o uso na prática educacional, como por exemplo: softwares educativos para resoluções de problemas, programas simuladores, tutoriais, jogos educacionais, editores de textos para produção textual, Planilhas eletrônicas para resolução de problemas lógicos e aritméticos, e a Internet, é claro, que traz em sua conjuntura possibilidades de pesquisas, participação de fóruns e debates de temas relevantes em salas de bate papo virtuais.
Após a conquista do interesse pelo uso das TIC’s por parte dos docentes, é preciso implementar treinamentos para que o uso dessas tecnologias torne-se efetivo nos ambientes de ensino e aprendizagem. Neste momento é possível que o gestor se depare com alguns obstáculos complicadores para o desenvolvimento dessa etapa, como por exemplo: a falta de capacitadores, que poderá ser resolvida através de parcerias com entidades de ensino superior, que muitas vezes dispõe de alunos com grande conhecimento na área de informática, e que podem cooperar com a capacitação dos docentes e demais pessoas envolvidas nas tarefas da escola. A falta de tempo, que talvez seja um dos maiores obstáculos para o corpo docente, considerando os horários sobrecarregados de muitos professores que, muitas vezes trabalham em mais de uma instituição de ensino, poderá ser amenizada através de incentivo para um trabalho participativo e encorajador.
Assim, utilizando-se das TIC’s a gestão escolar pode contribuir para uma escola de qualidade. Tal contribuição é hoje uma exigência na sociedade, que vê os gestores das instituições de ensino como um dos responsáveis pela democratização da escola e da sociedade. No entanto, o papel do gestor escolar deve estar firmado na busca de conhecimentos reais e do domínio das ferramentas básicas das TIC’s, uma vez que essas tecnologias estarão sempre presentes na vida do ser humano, e o papel da escola, dentre outros, é o de preparar o aluno para lidar de maneira produtiva e educativa com as novas tecnologias.

3 Conclusão

O processo de ensino-aprendizagem necessita cada vez mais, congregar as TIC’s. Mesmo entendendo as dificuldades enfrentadas pelas escolas no Brasil, percebe-se que a escola que não tiver essas novas tecnologias inseridas na sua prática pedagógica estará deixando de oferecer importantes oportunidades para o crescimento profissional e cultural do seu aluno.
Como vimos, as TIC’s são poderosas ferramentas para serem usadas na educação, neste momento, ainda de transição do modelo educacional. A escolha de como e quando essas tecnologias serão utilizadas na escola, está ligada à filosofia dos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. É preciso uma fundamentação nos conhecimentos das reais possibilidades das TIC’s para as várias aplicações na educação. Portanto, a mudança no sistema educacional depende de educadores criativos, humildes, confiantes e, principalmente, entusiasmados. No entanto, o docente terá sua prática pedagógica inovada quando o mesmo, juntamente com as instituições de ensino, repensarem por completo sua prática de ensino e aprendizagem, transformando a velha fórmula da escola convencional em uma estrutura dinâmica, flexível e articuladora, fazendo das novas tecnologias da informação uma oportunidade para o desenvolvimento dos pilares da educação: saber aprender, saber fazer, saber ser e saber conviver.
Sendo assim, o papel do gestor é fundamental para a dinâmica escolar e a motivação de toda comunidade envolvida no processo de ensino aprendizagem, para o uso das TIC’s. Considerando que essas tecnologias, não podem ser vistas como vilãs, mas, como ferramentas cooperadoras e facilitadoras da aprendizagem.
Uma vez que a sociedade em que se vive hoje exige um grau cada vez maior de conhecimento, cabe aos professores, aos gestores e à escola fazer uso das TIC’s para auxiliar os seus alunos a obter o grau de instrução necessário, educando-os a valer-se dessas tecnologias de forma eficiente e eficaz.

Referências

ALMEIDA, Elizabeth Bianconcini de. PGM 1 - Gestão escolar e tecnologia: Gestão de tecnologias na escola. Disponível em:
<http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2002/te/tetxt1.htm> acesso em 22 de maio 2007.

ALVES, Lynn; NOVA, Cristiane. Educação a Distância: Limites e Possibilidades. In: Educação a Distância: Uma Nova Concepção de Aprendizado e Interatividade. Alves, Lynn e Nova, Cristiane (org.). São Paulo: Futura, 2003.

COBURN. Peter. Informática na Educação. Tradução de Gilda Bernardino de Campos Novis. – Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda, 1988.

FUNTEVÊ. Educação e informática 1: O projeto Educon. Ano I. Rio de Janeiro: Funtevê, 1985a.

OLIVEIRA, Ramon de. Informática educativa: Dos planos e discursos à sala de aula. Campinas, SP: Papirus, 2001.

TIGRE, Paulo Bastos. O Brasil e a industria mundial de informática. Rio de Janeiro: UFRG, Instituto de Economia Industrial, 1982.

VALENTE, José Armando. Visão analítica da informática na educação no Brasil: a questão da formação do professor. São Paulo: NIED. UNICAMP/PUC-SP. 1997.

[1] Cf. VALENTE, J. A (1997). Visão Analítica da Informática na Educação no Brasil: a questão da formação do professor. NIED – UNICAMP/PUC - SP
[2] Os I e II Seminários Nacionais de Informática na Educação foram promovidos pela Secretaria Especial de Informática, subordinada ao Conselho de Segurança Nacional. Esses Seminários tinham como objetivo principal a promoção do encontro de educadores, filósofos, técnicos em informática, cientistas, psicólogos e técnicos do governo. Para ALMEIDA (1987), serviram como momento de proposição e esquematização de uma política nacional para a informática na educação.
[3] O Projeto EDUCOM, no seu tempo, representou um grande avanço. As escolas envolvidas tiveram a oportunidade de realizar um trabalho pioneiro, inovador. A proposta do Projeto EDUCOM garantiu, durante um longo período, uma formação, em serviço, aos professores. A adesão dos mesmos ao Projeto foi espontânea: participavam os que “queriam mais”, que estavam desejando “algo diferente”. Havia um comprometimento institucional - por parte da escola e da universidade - e pessoal - por parte de cada professor. Essa aliança foi responsável pelo funcionamento do Projeto durante anos. Por se tratar de um projeto de pesquisa, o professor tinha mais confiança para ousar e testar suas hipóteses. A parceria com os especialistas foi extremamente importante, porque proporcionou uma avaliação contínua dos resultados do trabalho e reformulações do mesmo, de acordo com as hipóteses do grupo. Disponível em: http://www.inf.ufsc.br/sbc-ie/revista/nr3/Freire03.htm)

[4] Para alguns estudiosos, a inclusão é um processo em que uma pessoa ou grupo de pessoas participa dos usos e costumes de outro grupo, tendo os mesmos direitos e os mesmos deveres.
[5] Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Texto disponível em .
[6] Com relação ao conflito entre essas culturas, percebe-se que a solução de problemas baseado nas TIC’s envolve uma solução mais construtiva, enquanto que a solução de problemas em sala de aula requer respostas mais sistematicas. Conforme Coburn (1988, p. 187), as pessoas que utilizam o computador atacam o problema de forma direta, aprendendo nos seus próprios erros, não desistindo facilmente. Isso torna o trabalho menos sistemático do que o proposto por vários livros didáticos, que em geral apresentam um determinado procedimento seguido de uma série de problemas para que o aluno aplique esse procedimento. Além disso, as tarefas propostas pelas TIC’s não são do tipo leia e responda as questões a seguir. Elas são desafiantes, exigindo do professor e do aluno a conciliação do tempo necessário para a solução total do problema. Um dos conflitos mais sérios entre as culturas das TIC’s e da sala de aula gira em torno da autoridade do professor. Os alunos aprendem mais rapidamente a usar as novas tecnologias, gerando, em muitos professores, o receio de se sentir incapazes de responder questões relativas a essas tecnologias, levantadas pelos alunos, e assim perderem o respeito dos estudantes.

Nenhum comentário: