terça-feira, 31 de julho de 2007

A Tecnologia da Informação: desafios para o docente no Terceiro Milênio

Introdução

O homem sempre teve suas relações com meio mediado pelas tecnologias, e o envolvimento da humanidade na era da tecnologia da informação é um fato. Os avanços incessantes dessas tecnologias têm, de forma geral, alterado o comportamento da sociedade. Estamos vivendo uma nova fase cultural, onde a informática ocupa um lugar de destaque, influenciando na nova forma de vida tornando-se indispensável para convivência humana.

A velocidade da informação proporcionada pela Internet, redes, celulares tem revolucionado nossas vidas beneficiando bilhões de cidadãos no mundo inteiro. É possível resolvermos vários problemas do nosso cotidiano utilizando apenas Ambientes Virtuais.

Na educação, as novas tecnologias da informação e da comunicação aparecem com grande força, impondo rápidas, intensas e significativas mudanças científicas e pedagógicas exigindo um novo modelo de relações humanas, educativas e profissionais.

Na “Sociedade da Informação” não se aprende apenas na escola, mas no dia-a-dia, considerando que a informática mostra-se uma excelente ferramenta no processo ensino-aprendizagem. A verdade é que o quadro, o marcador e o apagador podem estar num passado muito distante das carreiras escolares.

A união do ensino-aprendizagem-tecnologia é hoje, sem dúvida, o grande desafio pedagógico. Como diz Cristiane Nova e Lynn Alves (2004):
“Hoje, no momento em que o problema deixa de ser a escassez e torna-se o excesso de possibilidades de aceder às informações e que, o que é ainda mais relevante, se transforma em uma velocidade jamais imaginada anteriormente, ficou mais evidente o descompasso da antiga concepção de educação”[1].

Para escola cabe ainda o papel de ensinar. Porém, não mais vendo o ensino como a transmissão de um conteúdo diante de uma relação passiva Professor X Aluno, e na maioria das vezes com um livro didático dirigindo tal relação. Com as novas tecnologias da informação e comunicação o ensino acontece num outro espaço e num outro tempo, diferentes do espaço e do tempo vivido na comunicação oral e escrita, se processando de forma a levar o aluno a transferir os conhecimentos para diferentes campos do saber, ou para situações que exigem uma real compreensão de conceitos.

O docente e as novas tecnologias de informação e comunicação

A educação no Brasil vem passando por uma nova visão desde o ano de 1996 com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9.394/96), que, historicamente define as grandes linhas da Política Educacional Brasileira, valorizando a democratização das oportunidades para o acesso ao conhecimento.

Atualmente as inovações tecnológicas alargam cada vez mais a visão proposta pela LDB. No entanto, mesmo completando uma década de promulgação da referida lei, ainda encontramos no Brasil um ensino centrado na aquisição de conteúdos onde o professor é o centro do processo, sendo atribuído ao mesmo a tarefa de transmissão, colocando-o na posição de possuidor do conhecimento.

O modelo da escola tradicional tem, a cada dia, tido mais dificuldade de sobrevivência. O avanço tecnológico traz um volume de informações cada vez maior e o processo arcaico da velha educação não consegue produzir no indivíduo o aprendizado necessário para sua formação.

Para sobreviver no mundo globalizado e tecnológico, é preciso a formação do indivíduo como um todo. É necessária a exploração de toda sua capacidade cognitiva. Porém, isto só é possível se o mesmo tiver oportunidade de construir o conhecimento. A tecnologia da informação é uma maravilha que pode ser usada para criação de uma nova geração de pensadores e sonhadores, capazes de usar o computador, o celular e todos os aparelhos digitais agregando-os aos Pilares da Educação propostos pela UNESCO: saber aprender, saber fazer, saber ser e saber conviver.

O grande desafio ainda é fazer com que o docente se sinta motivado a utilizar essa poderosa ferramenta, como instrumento pedagógico. São muitos os professores que ainda têm medo, resistência ou dificuldades em usar os meios tecnológicos disponíveis.
O avanço tecnológico traz um volume de informações cada vez maior e os educadores não estão conseguindo acompanhar o ritmo de seus alunos. A informação que antes era detida pelo professor agora pode ser facilmente encontrada em várias fontes, cabendo ao professor a tarefa de organização dessas informações, para que as mesmas, ao chegarem na sala de aula se transforme em conhecimento. Para atingir esse objetivo o professor não pode mais ser específico, dominador de conhecimentos restritos a sua área acadêmica. È necessária a ampliação dos conhecimentos, principalmente em relação aos recursos tecnológicos digitais. No entanto, Ter acesso a tecnologia digital tem sido um paradigma para muitos.

O uso de Ambientes Virtuais de Ensino na educação pode apresentar diversas formas de tratarmos o conhecimento, tornando o processo de ensino-aprendizagem mais dinâmico, levando o professor e o aluno a novas experiências e novas formas relação com o outro. Provoca o aumento da autoestima do aluno, fazendo com que o mesmo se sinta mais valorizado. Além de provocar uma interatividade, rompendo o paradigma estruturalista da emissão-recepção de mensagens. Os alunos constróem percursos, tornando-se autores da própria navegação.

Em contra-partida, o que percebemos são alunos mais interessados do que os professores no uso das tecnologias da informação em sala de aula. Parece que as mudanças na educação, provocadas pela tecnologia da informação estão apenas começando, considerando que para muitos educadores os recursos digitais ainda são desconhecidos ou pouco explorados. Além disso, percebemos que esses recursos requerem adaptações operacionais que dificultam o uso dos mesmos. Isto significa que muitos educadores precisam de uma espécie de “pré-escola virtual”, para aprender a se posicionar, se comportar, agir e reagir diante dessas novas tecnologias de ensino.

Muitos professores ainda estão resistentes ao uso das novas tecnologias na sala de aula com medo de serem superados pela informática. Neste caso, não basta apenas serem treinados para o uso do computador, precisam de uma conscientização do papel do professor diante dessas mudanças, considerando que o mesmo deixa de ser transmissor de saberes e passa a ser mediador da pesquisa e aprendizagem.
Vale ressaltar o que diz Hugo Assmann (2000):
As novas tecnologias não substituirão o/a professor/a, nem diminuirão o esforço disciplinado do estudo. Elas, porém, ajudam a intensificar o pensamento complexo, interativo e transversal, criando novas chances para a sensibilidade solidária no interior das próprias formas do conhecimento[2].

As Novas tecnologias da informação e os desafios para o docente

Ser professor é e sempre será uma profissão de muito prestígio diante da sociedade. Na verdade é um privilégio transmitir informações que produzem conhecimentos a crianças, jovens e adultos. No entanto, como em todos os segmentos da sociedade, o trabalho docente está passando por profundas mudanças no terceiro milênio. As novas tecnologias da Informação é um fator importantíssimo para mudanças pedagógicas, uma vez que essas tecnologias alteraram o poder cognitivo dos alunos. Essas transformações fazem com que os professores sejam obrigados a enxergar de maneira diferente sua profissão.

Os alunos mudaram e o modelo convencional de ensino, onde o aluno aprendia por repetição de conteúdo já não funciona mais. E se já era comum para o professor lidar com grupos heterogêneos, nos últimos anos o desnível dos alunos aumentou ainda mais, isso graças à velocidade no acesso de informações que os mesmos têm fora da sala de aula.

Mas, se não bastasse o desafio que o professor tem de lidar com esse avanço de informações e ferramentas que, para muito, ainda são poucas exploradas, o docente ainda tem que conviver com os aspectos destrutivos das novas tecnologias da informação, que segundo Pierre Weil (2000), são os “Aspectos Normóticos da Cultura Informacional”[3].

Diminuição do valor familiar, problemas de relacionamento interpessoal, falta de afetividade, aumento da violência e pornografia, são fatores constantes encontrados nos alunos do terceiro milênio que têm fortes influências no ambiente escolar, exigindo do professor novas maneiras de encarar sua profissão.

Sabemos que tudo isso ainda está apenas no começo, sendo necessário que o professor busque apoio na própria sociedade para reformulação dos conceitos educacionais.

Conclusão

A educação do terceiro milênio exige novas práticas metodológicas para satisfazer as necessidades surgidas com a globalização que, de uma maneira muito rápida, alterou a forma de comunicação, o pensamento, as habilidades e a maneira de alcançar o conhecimento da sociedade.

A sociedade requer da educação a formação de um indivíduo com habilidade, capacidade e qualidade para realização de tarefas com responsabilidade, capaz de desenvolver trabalhos em equipe e acima de tudo, que leve em sua bagagem cognitiva a maior quantidade possível de conhecimentos.

Percebemos que a grande responsabilidade do professor é a de formação desse novo cidadão. Para isso, portanto, é preciso a adoção de uma postura mediadora do processo de formação do aluno, cabendo ao mesmo (o professor) a criação de novas estratégias e novos ambientes de ensino, sabendo que essa nova postura requer quebra de paradigmas que para muitos serão verdadeiros desafios.

O desenvolvimento de um povo está inteiramente ligado à qualidade da sua educação. E como diz Moacir Gadotti (2000): “A pergunta que se faz é: qual educação, qual escola, qual aluno, qual professor?”[4]

O docente terá sua prática pedagógica inovada quando o mesmo, juntamente com as instituições de ensino, repensarem por completo sua estrutura de ensino-aprendidagem transformando a velha fórmula da escola convencional em uma estrutura dinâmica flexível e articuladora. Fazendo das novas tecnologias da informação uma oportunidade para o desenvolvimento dos pilares da educação: saber aprender, saber fazer, saber ser e saber conviver.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ASSMANN, Hugo. The metamorphosis of learningin the information society. Ci. Inf., mayo/ago. 2000, vol.29, no.2, p.07-15. ISSN 0100-1965.

2. BAGGIO, Rodrigo. Information society and infoexclusion. Ci. Inf., mayo/ago. 2000, vol.29, no.2, p.16-21. ISSN 0100-1965.
3. Cristiane Nova e Lynn Alves (2004p.07)
4. GADOTTI, MOACIR. Perspectivas atuais da educação. São Paulo Perspec., abr/jun. 2000, vol.14, no.2, p.03-11. ISSN 0102-8839.
5. LAZARTE, Leonardo. Cognitive ecology in the information society. Ci. Inf., mayo/ago. 2000, vol.29, no.2, p.43-51. ISSN 0100-1965.
6. MORAN, José. Mudanças profundas e urgentes na Educação. http://www.eca.usp.br/prof/moran/profundas.htm.
7. MORAN, José. Novos desafios para o professor. http://www.eca.usp.br/prof/moran/desafios.htm
8. MORAN, José. Para onde caminhamos na educação? http://www.eca.usp.br/prof/moran/caminhamos.htm
9. MORAN, José. A integração das tecnologias na educação. http://www.eca.usp.br/prof/moran/integração.htm
10. WEIL, Pierre. Information Normosis. Ci. Inf., mayo/ago. 2000, vol.29, no.2, p.61-70. ISSN 0100-1965.
11. WERTHEIN, Jorge. Information society and its challenges. Ci. Inf., mayo/ago. 2000, vol.29, no.2, p.71-77. ISSN 0100-1965.
[1] Cristiane Nova e Lynn Alves (2004 p.07)
[2] ASSMANN, Hugo. The metamorphosis of learningin the information society. Ci. Inf., mayo/ago. 2000, vol.29, no.2, p.07-15. ISSN 0100-1965.

[3] WEIL, Pierre. Information Normosis. Ci. Inf., mayo/ago. 2000, vol.29, no.2, p.61-70. ISSN 0100-1965.
[4] GADOTTI, MOACIR. Perspectivas atuais da educação. São Paulo Perspec., abr/jun. 2000, vol.14, no.2, p.03-11. ISSN 0102-8839.

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